Em design editorial existe uma linha entre o bom gosto e o mau gosto. E essa linha é muito subjetiva estando atrelada aos conceitos pessoais de quem cria e de quem vê, no caso o designer e o leitor.
O que é bom gosto para uns é mau gosto para outros. E vice-versa.
Jamais existirá a unanimidade.
E quando o assunto é morte, essa linha limitadora do bom e do ruim fica mais estreita, passível de erros e acertos.
Os jornais brasileiros hoje destacam em suas capas a tragédia da queda do avião que vitimou a cantora Marília Mendonça no auge da sua carreira. Fotos grandes, algumas de página inteira, manchetes de uma palavra só, peças especiais elaboradas para consternar o sentimento de tristeza.
A cantora merecia tal espaço.
Mas voltando ao bom e ao mau gosto, temos as ideias parecidas do Meia Hora e do Correio Braziliense: a última viagem da cantora.
E como executar isso?
Os dois jornais escolheram a mesma imagem, da cantora carregando seu violão, puxando a mala no aeroporto, embarcando no avião em que faria o voo fatídico.
O Meia Hora, talvez seguindo o seu conceito de popular, tentou passar a ideia de que a cantora teria ido para céu, numa criação visual que nos remete ao filme Ghost, Do Outro Lado da Vida, quando a luz surge vindo buscar as almas das pessoas boas e levá-las ao paraíso.
Sinceramente, achei de mau gosto.
Já o Correio Braziliense, talvez seguindo o seu conceito de clássico, passou de forma elegante, bonita e tocante, a mesma ideia, em um layout clean que se torna uma bela homenagem à cantora.
Sinceramente, achei de bom, ou melhor, ótimo gosto.
Mas como todos sabemos, gosto é gosto. Cada um tem o seu.
O goiano Jornal Daqui também utilizou a mesma imagem, mas da forma tradicional. Simples e direta, sem correr riscos.
Aproveitem e confiram as capas de hoje dos jornais brasileiros tendo a morte da Marília Mendonça como tema principal.