segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Mudou mas não mudou muito

       


    A Folha de S. Paulo lançou neste domingo seu novo formato. Seguindo a tendência mundial dos impressos, o jornal paulistano adotou o tamanho berliner, menor que o tradicional standart, que já foi o principal formato das publicações no planeta. Assim, a Folha se iguala ao seu principal concorrente, o Estadão, que também adotou esse tamanho em outubro de 2021.

      Na teoria as mudanças visuais são muitas. Na prática, quase nada mudou. A primeira vista parece apenas que encolheu. O layout continua basicamente o mesmo, o que por um lado é uma vantagem, afinal, os leitores já habituados com as páginas não sentem tanto a diferença. E em momento algum foi dito que a Folha faria um novo projeto gráfico.  Ela anuncia a volta de alguns suplementos que durante muito tempo foram marcantes na publicação, como A Folhinha, o Guia Folha além de novos colunistas.  

   Claro que com a redução do tamanho, o material editorial tem de ser remanejado e melhor distribuído nas páginas, principalmente as que têm colunas fixas como editoriais, opiniões e cartas. E isso, a Folha acertou. Gostei de como essas páginas tipicamente consideradas pesadas nas edições por terem normalmente somente texto foram recriadas. 

   Nas páginas internas nada de extraordinário. Na verdade tudo simples no tradicional título/texto/foto. Ainda assim, mesmo com  a redução no tamanho, o layout é agradável, com espaços em branco e visual arejado. 

   Uma coisa que se pensa quando o formato de um jornal é reduzido para menor é na perda de conteúdo. Afinal, a mancha gráfica é menor. Mas a Folha, pelo menos nessa primeira edição com 72 páginas, nos dá a impressão de que nada foi perdido, apenas realocado.

   Já na capa, o grande chamariz de uma edição impressa, tenho ressalvas quanto ao layout. Parece que estavam pensando ainda na Folha standart na hora da concepção da primeira página, o que é totalmente compreensível. Mas achei que ficou com um número excessivo de chamadas em uma área visual reduzida, o que tira um pouco o conforto da leitura. Mas são coisas que no dia a dia, com o tempo, vão sendo corrigidas.

    O formato standart, tão associado aos 'jornalões' remonta às primeiras publicações impressas, com grandes espaços para textos maiores, fotos em tamanhos bastante significativos e, do ponto de vista do design, ideal para criações gráficas que chamem a atenção impactando o leitor. Entretanto, apresenta desafios de não ter um manuseio prático, principalmente quando a leitura é feita em transporte público ou ambientes com espaços limitados, como cafés e restaurantes. E claro, o gasto com papel é maior.

    Já o berliner tem duas grandes vantagens. Por ter dimensão intermediária entre o standart e o tabloide (normalmente usado para jornais populares, políticos ou suplementos especiais), consegue manter o equilíbrio em não causar uma grande sensação de perda aos leitores, sendo ainda mais prático de manusear, transportar, guardar. A ideia de adotar esse formato é uma tentativa de se modernizar em um momento em que a internet e outras plataformas tiram leitores das publicações impressas. 

    A mudança que vem acontecendo nos jornais brasileiros do standart para o berliner reflete uma adaptação que parece ser necessária nesse nova era da informação, buscando o equilíbrio entre a tradição do grande layout e o conforto de um tamanho mais adequado aos dias atuais.

     Agora é esperar para saber se essa mudança traz resultados práticos ou se é apenas uma redução de custos com bobinas de papel.

    Algumas páginas da nova Folha de S. Paulo.














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