O famoso Crime da Mala marcou o início do século XX com uma cobertura intensa e visualmente dramática. Neste post, uma breve análise visual da capa de A Tribuna do dia 8 de outubro de 1928, o dia seguinte ao encontro da mala com o corpo de Maria Féa no Porto de Santos.
No dia 8 de outubro de 1928, o jornal A Tribuna chegava às bancas com sua primeira página toda destinada ao encontro, no dia anterior, de um corpo feminino em avançado estado de decomposição, dentro de uma das malas que seriam embarcadas no transatlântico francês Massilia, atracado no porto santista com destino à Europa.
Na capa do jornal, a manchete, em caixa alta e tipografia robusta, dominou o topo, com o título chamativo de MALA SINISTRA. Uma capa impactante da imprensa do início do século XX, não apenas pela escolha da tipografia e dos títulos, mas também pelo vasto material fotográfico publicado na capa.
A publicação é um exemplo marcante de como o jornalismo da época se aproveitava desses momentos de consternação e apelo popular para criar uma espécie de espetáculo, combinando curiosidade pública, dramatização e uma estética visual carregada de mistério e morbidez.
A composição da manchete descreve ao leitor toda a dramaticidade do momento macabro. Uma composição editorial que de aguça a curiosidade do leitor, desde o título chamativo Mala Sinistra, passando pelo subtítulo e culminando com a linha fina (ou cartola) descrevendo o achado, um corpo de mulher em decomposição.
Estilo visual e tipográfico
As imagens que reforçam o drama
As fotografias publicadas na página causaram forte impacto no público, principalmente a que mostra o corpo dentro da mala, algo que sempre desperto o interesse do ser humano, e ainda hoje, em tempos de internet sem freios, continua atraindo a atenção mórbida das pessoas.
A disposição das fotos espalhadas entre os blocos de texto, sem molduras ou legendas evidentes, aumenta a sensação de caos e urgência que já citei aqui. Penso que esse é um estilo de jornalismo visual de choque.
O impacto estético e histórico
Hoje, essa capa é um documento visual sobre a estética do jornalismo policial e da curiosidade pública. O sensacionalismo gráfico mostra uma imprensa que talvez, não soubesse separar a informação de um espetáculo à comunidade. Visualmente, o resultado é poderoso: uma página densa, quase claustrofóbica, que traduz o espírito de uma época em que o crime, para os capistas, era uma arte tipográfica, com a escolha, aplicação e disposição das letras.
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