A formato da nave intimidou os jornais?

Não tem como negar.

O Blue Origin, foguete espacial do bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon, tem o formato fálico, e gerou memes na internet nesta terça-feira, dia em que fez sua viagem espacial com 4 tripulantes. 

Talvez por isso, alguns jornais mais conservadores tenham evitado fotos em suas capas.

Será?

Será que  o vibrador espacial intimidou os capistas?

Ou os capistas tentaram, mas na luta com os editores, perderam?

Normalmente, esse tipo de notícia é explorado nas primeiras páginas. Chama a atenção. Mas raros foram os impressos que optaram pelo uso das imagens, e em tamanho grande.

Seria um excesso de pudor? Seria pelo formato fálico da espaçonave? Seria pela quantidade de memes publicados durante o dia nas redes sociais?

Tirando o formato do foguete, a notícia correu o mundo inteiro. Os mais ousados ou com menos pudor, não se intimidaram e publicaram a imagem.

Em A Tribuna não houve briga entre capista e editor, mas sim conversa, diálogo, discussão se seria ou não apropriado o uso da imagem.

Mas é notícia. E notícia ainda é a essência do jornal, do jornalismo.

A Tribuna, Extra e o Correio Braziliense tiveram ideias parecidas nos cortes das fotos.

Em A Tribuna foram colocadas ainda duas linhas para dar a dimensão da altitude atingida pela Blue Origin. O carioca Extra recortou a ponta da nave,  invadindo o logo do jornal. Já o CB aplicou mais fotos da viagem, destacando outros momentos da viagem espacial. 

O gratuito Metro, se aproveitou por ser no formato tablólide, usou a imagem como fundo para a capa inteira,  compondo com as demais notícias do dia.

A morte de Menem

 Na Argentina, a morte do ex-presidente Carlos Menem, símbolo de uma era e do peronismo, faleceu aos 90 anos.

Nas primeiras páginas dos jornais, Menem está presente.

Gosto muito quando se usa uma imagem antiga, marcante, de um áureo momento do personagem. O Crônica fez isso, com a foto da posse, em preto e branco, abrangendo quase que totalmente a página, enriquecendo a capa.

Outra maneira de se destacar e no corte da imagens, como fez o La Gaceta, deixando apenas a metade do carão do ex-pesidente com grande destaque, criando um layout diferenciado.

Alguns até usaram fotos antigas, mas não conseguiram causar tanto impacto.

Os demais optaram pelo tradiocinal. Uma foto mais recente de Carlos Menem ou um registro do velório, com caixão, bandeira e autoridades.

O Carnaval cinza e a bela capa do Folha Mais.

Em tempos normais não pandêmicos, hoje já teria festa, banda, marchinha, música alta, alegria, multidão. Sim. Já teria Carnaval. Antecipado ou não, blocos carnavalescos ou escolas de samba, nas ruas ou em clubes, já teria Carnaval. As cores vibrantes das fantasias e alegorias, dos enfeites e adornos comprovariam. Já teria Carnaval. As capas dos jornais com as fotos cheias de cores e sorrisos de foliões  transbordando alegria, registraria que já teria Carnaval.

Mas no Carnaval da pandemia não tem nada disso. Não tem banda, nem bloco e nem escola. Não tem música nem som de cuíca, reco-reco ou tambor. Não tem ruas lotadas e nem sorrisos nos rostos. 

E não tem cor na capa dos jornal.

E o Folha Mais de Pernambuco soube como nenhum outro traduzir esse sentimento incolor para sua primeira página. A belíssima imagem de Alexandre Aroeira é um retrato da alma de um povo festivo neste breve reinado de Momo.

A ideia genial de deixar a capa toda PB e, a solitária sombrinha, símbolo maior do frevo pernambucano,  com suas cores vivas e vibrantes, foi um achado, uma referência sutíl e inteligente a este Carnaval totalmente opaco, sem cor, sem graça.

Em tempo: a manchete foi inspirada no Frevo Número 1, de Antônio Maria.

O incêndio, a foto principal e manchete de notinha. Os jornais de hoje da Baixada Santista.

Um incêndio na tarde de ontem destruiu cerca de 60 barracos na Prainha, em Guarujá.

Nas capas dos jornais da Baixada Santista, o fogo foi a foto principal, sendo a manchete do Diário do Litoral.

Apesar disso, internamente, o Diário destinou apenas uma notinha, no canto inferior da página, contrastando com a expectativa do leitor ao ler a capa do jornal. Ficou estranho. 

Quando falamos em manchete de jornal imaginamos a matéria mais (ou pelo menos uma das) importante da edição. Um fato que teve grande repercussão e merece destaque no jornal do dia.

Mas nem sempre os jornais fazem isso. O Diário prova isso.

Em A Tribuna, não foi manchete. Mas foto principal da primeira e abertura de página interna.

Vale ressaltar as imagens da repórter-fogográfica Vanessa Rodrigues em A Tribuna.

Duas Folha, dois Agora, um Palmeiras.

O Palmeiras mudando as capas da Folha de S. Paulo e do Agora SP de hoje. A mesma mudança em ambos. A foto do Verdão.

Antes do embarque para o Qatar onde vai disputar o mundial e Clubes, o Palmeiras empatou com o Botafogo.

Na primeira versão dos dois jornais, a foto é do jogo, da comemoração do gol de Emerson.

Na segunda, as fotos foram substituídas pelas imagens da torcida palmeirense no aeroporto de Guarulhos, no embarque do time rumo ao mundial.

Em Portugal, o i sendo i.

A gente está acostumado com a situação:

Capa do jornal.

Fulano ganhou a eleição.

Foto dele, fulano, comemorando a vitória, sorriso de orelha a orelha, com braços ou punhos erguidos agradecendo aos eleitores que nele acreditaram, e talvez, o número de votos que conquistou.

Essa é a fórmula certeira de uma capa em dia pós eleição.

CERTO. Mas também, ERRADO.

O português i, um dos mais inovadores em questão de design de jornais, várias vezes eleito o jornal mais bem desenhado do mundo, quebra a tradição e vem com uma capa totalmente enriquecerá.

Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito presidente com 60,7% dos votos.

A foto da capa: ele, Marcelo, sentado em uma tradicional cadeira da barbeiro cortando o cabelo.

Para não ficar totalmente fora da tradição, os números de votos conquistados por ele e seus adversários concorrentes foram aplicados ao layout.

Sensacional. Daquelas páginas que a faz a gente amar fazer jornais.

Os demais jornais portugueses com a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa.

A foto do dia

Está em todas as capas (ou quase todas) dos jornais brasileiros. A imagem da vacina sendo descarregada do avião.

Seja como foto principal ou secundária, no alto ou embaixo, grande ou pequena, ela está lá.  Com variações de cortes e ângulos, é a imagem que reflete a esperança do povo em ter uma chance a mais na luta contra a Covid-19.