sábado, 24 de maio de 2025

O poder do contraste: Sebastião Salgado e a estética da capa de A Tribuna


O fotógrafo Sebastião Salgado ficou mundialmente conhecido por suas imagens em preto e branco, com alto contraste e uma forte carga emocional, fosse retratando pessoas ou paisagens, em uma rigorosa abordagem documental aliada à uma estética poderosa, o que o tornou um dos profissionais mais influentes do mundo.

E essa estética poderosa serviu como inspiração na confecção da capa de hoje de A Tribuna, noticiando a sua morte.

Vamos aos detalhes.

O primeiro e mais evidente ponto: a página totalmente preta e branca, como grande parte de sua obra. Os fios das chamadas, que diariamente são usados nas cores das editorias internas do jornal ficaram todos pretos, não apenas como sinal de luto, mas buscando seguir a estética principal das imagens de Sebastião Salgado.

O segundo ponto: o alto contraste entre o fundo branco da página e o preto da fotografia, que dá um ar de atemporalidade à imagem.

Terceiro: Uma única foto na página, um close do rosto dele. Assim como ele tinha como objeto quase que constante as pessoas, procurei não criar distrações ou poluição visual com outras imagens. O retrato de Sebastião confere ao layout um ar dramático e necessário na composição da página.

E na continuação da criação do layout, mudei a tipografia usada para compor o título da chamada sobre ele. Optei por uma serifada, a clássica e elegante BauerBodoni-Roman, que deu uma certa sofisticação e sobriedade ao desenho da página.

Pra finalizar, um grid simétrico deu o ar desejado ao layout.

Acredito que conseguimos criar uma bela homenagem a um brasileiro que se tornou referência no mundo quando o assunto é fotografia.

Sebastião Salgado nas capas dos jornais

 


















Na Europa, ele também mereceu destaque:










terça-feira, 20 de maio de 2025

O projeto gráfico por trás da série Nomes das Artes




O jornal A Tribuna publicou nas últimas semanas uma série especial de reportagens intitulada Nomes das Artes, uma homenagem aos artistas que contribuem de forma significativa para a riqueza cultural da cidade de Santos. Idealizada pelo jornalista Ronaldo Abreu Vaio, ao longo de nove reportagens foram traçados perfis profundos e sensíveis de artistas atuantes em diferentes segmentos ( teatro, música, literatura),s com trajetórias marcadas pela dedicação à arte e por um elo afetivo ou profissional com a cidade.

A série buscou mais do que apenas destacar talentos: trouxe à tona histórias de vida desses artistas, reforçando o papel que a cultura desempenha na identidade santista.

Foram contadas as histórias de Gilson de Melo Barros















E esse material deveria e merecia ter um layout diferenciado. Uma boa série de reportagens nasce da junção entre conteúdo relevante e um projeto gráfico que saiba dar vida a esse conteúdo. A ideia foi criar, durante as nove reportagens da série, uma narrativa visual e editorial sobre a diversidade e a força da produção artística santista. O design das páginas foi pensado para acompanhar o tom da proposta: destacar os artistas e criar um espaço de leitura acolhedor, fluido e visualmente impactante.

O uso das imagens dos personagens, a aplicação de uma tipologia que remete ao universo criativo dos artistas, títulos da série com forte hierarquia tipográfica e uma diagramação limpa e equilibrada mostram como o design editorial pode ser um parceiro da reportagem. Ainda que os textos sejam grandes (e necessários), as páginas conseguem prender a  atenção do leitor. A paleta de cores simples alternando em vermelho e preto e o ritmo visual das páginas — alternando áreas de respiro com blocos densos de conteúdo — contribuem para uma leitura envolvente, permitindo que o leitor aprecie cada perfil como uma peça única dentro de uma obra maior.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Mujica

Os jornais uruguaios com a morte do ex-presidente Pepe Mujica.



terça-feira, 13 de maio de 2025

O Cartaz de Metrópolis inspirando o layout sobre as projeções de como será o próximo século






Para criar o layout da página de Ciência desta semana, usei como referência, ainda que eu não conseguisse me recordar do nome, o filme Metrópolis, de 1927, dirigido pelo austríaco Fritz Lang. Eu tinha o visual gráfico na minha cabeça, mas confesso que não me vinha à mente o título do filme. 

A matéria era uma grande indagação: Como será o século 22 do ponto de vista da tecnologia, da sociologia e da ecologia? Mesmo sem procurar informações que me remetessem ao filme, criei a página a partir da referência visual que eu tinha guardada em minha mente e ao apresentar a Ted Sartori, o autor dos textos, ele citou o nome filme.

Claro que o layout não é uma referência fiel enem mesmo um cópia, mas sim, uma fonte inspirada no cartaz do filme. O curioso nesse caso é que Metrópolis se passa no ano de 2026, ou seja, praticamente hoje. Uma coincidência muito grande.

O cartaz do filme é uma das peças gráficas mais icônicas da história do cinema e do design. Foi criado por Heinz Schulz-Neudamm, e reflete de forma marcante o espírito futurista e expressionista da obra de Fritz Lang, sendo considerado um marco do design gráfico do início do século 20.

O cartaz apresenta uma figura estilizada e enigmática da personagem Maria em sua forma robótica, tendo destaque no centro da composição. Seu corpo metálico e simétrico evoca a estética das máquinas e do progresso industrial, elementos centrais da narrativa do filme. Ao fundo, a cidade de Metrópolis se ergue em linhas verticais monumentais, com arranha-céus que reforçam a atmosfera futurista e a influência do modernismo e do art déco no design da época.

E foi essa silhueta de cidade que procurei usar como referência principal na criação do layout. Prédios verticais, espigões de concreto, seguindo a paleta de cores do cartaz original, em tons preto, dourado e sépia. No caso, eu puxei mais para o amarelo e laranja, mas utilizei os contrates de luz e sombras, características do movimento artístico que influenciou não apenas o material gráfico, mas também o próprio filme: o expressionismo alemão.

Já na tipografia, não segui a linha do cartaz, pois ela dificultaria a leitura do título. No cartaz é utilizada uma fonte angular e geométrica, que acompanha o dinamismo das formas arquitetônicas presentes no fundo da imagem. As letras tendem a mostrar a relação entre o homem e a máquina, o que não era o caso dos textos de Ted Sartori.

Mais do que apenas um cartaz, essa peça de design tornou-se um símbolo visual do cinema expressionista e da ficção científica clássica. Sua composição é uma obra de arte atemporal que ainda hoje influencia o design gráfico e a estética cinematográfica.

E me influenciou.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

O novo papa

As capas de hoje dos jornais do mundo com o novo papa, o norte-americano Robert Francis Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV para liderar a Igreja Católica.

Essa é uma situação em que os jornais acabam ficando todos muito parecidos, pois dependem das agências de notícias para receber as imagens e, normalmente, as fotos são as mesmas para todos. 
Então, o que pode ser diferente é o corte da imagem, o uso de algum elemento gráfico, uma tipologia diferenciada. Mas ainda assim, tudo fica muito parecido, como podem ver abaixo, nas primeiras páginas dos jornais do mundo.